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Perdidamente...

Um dia... vou acreditar no destino Fechar os olhos e deixar o vento levar-me... onde ele quiser vou acreditar nos sonhos vou acreditar em ti...

Perdidamente...

Um dia... vou acreditar no destino Fechar os olhos e deixar o vento levar-me... onde ele quiser vou acreditar nos sonhos vou acreditar em ti...

Amor...daqui a 100 anos

 

«Meu amor, Pediram-me que imaginasse o que será o nosso amor daqui a 100 anos. Apeteceu-me dizer apenas que o nosso amor será o que sempre foi, o que já era há 100 anos. Mas parece que uma frase não chega. Vou dizer-lhes então que o amor é a razão de ser do ser humano, a que lhe dá sentido.

Um ser que sonha, que ama e que não pode viver sem sonhar nem amar está preparado para as mais terríveis provações, adapta-se a tudo, mas não pode viver sem sentido. Todos os dias oiço histórias de amor. Belas, belíssimas histórias, inscritas nas estrelas que brilham no céu dos amantes.

Têm desejo, fantasia, canções que tocam na rádio só para eles, cheiram a mar, a flores, a roupa lavada, têm frases de livros, brincadeiras e tolices, mistérios e segredos, cortesia e abandono, beijos roubados, suspiros e lágrimas...

Histórias que têm alegria e dor, esquecem o tempo, perdem-se no espaço, erguem muros, derrubam barreiras, vivem de esperança, ganham batalhas, desenham corações, há piscar de olhos, cumplicidade, hormonas aos gritos, companheirismo, bombons, nostalgia, conf lito e intimidade, perdas e lutos, feridas...

Mas também há espaço para o ressentimento, para a mágoa, a loucura, a saudade, abraços e confiança, mensagens escritas, conversas informatizadas, velas, novelas mexicanas, filmes candidatos a Óscar, romances impossíveis, gostos, desgostos, silêncio, conforto, vazio, tolerância...

A esses, juntam-se ainda inocência, incoerência, pele, aconchego, meiguice, riso, tragédia, galanteria, inversão de papéis, mudanças bruscas ou lentas e, amor, têm de tudo as histórias de amor que me contam. Daqui a 100 anos, imagino- as assim, cheias de tudo e cheias de amor.

Nada pára a modernidade, poderemos andar em carros voadores, viver em estações espaciais, informatizar a vida de lés a lés, mas os seres humanos serão sempre seres que sonham e que amam. Há uns anos escrevi que o amor é um convite, convida sem planos nem manhas.

Um convite destes não se declina. Nem hoje, nem daqui a 100 anos. Não achas, meu amor?»


Maria Vasconcelos in "Sapo, Mulher"