Viagens
Às vezes ia contigo, no carro, apertavas-me os joelhos e sorrias enquanto eu me contorcia de tanto riso que as cócegas provocavam.
Paravamos numa loja qualquer e compravas-me um gelado. sentava-me naquelas cadeiras gigantes, e os meus pés não chegavam ao chão. Rodava com a cadeira, enquanto te demoravas na conversa.
Sempre gostaste de conversar. Falavas pelos cotovelos, e conhecias toda a gente. E eu delirava, naquele local, de gente grande, até me chamares para voltarmos.
Passavamos pelos outros carros e ultrapassavas, muito devagar, e eu julgava que eras o melhor do mundo, porque conduzias mais depressa que os outros. Sorrias-me e eu ficava orgulhosa, hoje sei que iamos muito devagar, e os outros, não deviam ir a mais de 20 km.
Hoje sei, que tu eras e és o melhor do mundo, mas não pela tua condução, mas sim pelo teu caracter e pela tua personalidade. Hoje sei que o meu orgulho, nada deve-se ao que se passava lá fora, mas sim, porque do meu lado eu tinha o melhor pai do mundo.
Tenho saudades de tudo isso, até do gosto que o gelado de chocolate tinha. Sobretudo de ti.